Reproduzo abaixo o texto escrito pelo Sávio Teixeira, que fala sobre o trabalho voluntário de pessoas que lutam para ajudar na recuperação desses lugares que tanto gostamos mas precisam ser cuidados. Saibam que muito do que se vê não melhorou de repente como mágica e sim sob o trabalho de muita gente. Considero de extrema importância para a conscientização do público geral.
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"RECUPERAÇÃO AMBIENTAL NOS MORROS DO PÃO DE AÇÚCAR E DA URCA
O entorno dos Morros do Pão de Açúcar(PA) e da Urca tem se beneficiado do trabalho voluntário de diversas equipes de montanhistas que atuam na região. São cidadãos que resolveram “colocar a mão na massa” e não esperar pelo poder público para resolver um problema que afeta o meio ambiente de nossa cidade. Vários trechos da Floresta dos Colibris, no entorno desses morros, estavam tomados pelo capim colonião, provocando risco de incêndios. O Costão Leste do Pão de Açúcar estava totalmente tomado por esse capim e era vitimado por incêndios periódicos, causando grande estrago à pouca vegetação que havia na rasa camada de solo. Por causa da forte inclinação, as chuvas de verão provocavam forte erosão no solo desprotegido.
Há relatos de voluntários que trabalham na região há cerca de 15 anos, como o casal Nóbile e Sática, na face leste. Este casal adotou uma área de difícil recuperação, entre o Mirante do Costão e o início do paredão do PA e está obtendo sucesso nessa missão. Quem passa hoje no trecho final da trilha do Costão, antes de iniciar a subida do paredão, já caminha à sombra de muitos arbustos. Uma vitória indiscutível da perseverança contra o capim colonião, num trecho em que a erosão carregava todos os nutrientes do solo. Eles adotaram outra área no Grotão do PA, também na face leste, em maio de 2003 e estão trabalhando com afinco na recuperação daquele trecho. São pioneiros nesse trabalho voluntário na região, até onde sei.
Está sendo feito também excelente trabalho de recuperação ambiental na Face Oeste do PA, desde dezembro de 1994, no trecho próximo à Via dos Italianos, onde um incêndio provocou grande estrago e o capim colonião havia se instalado. A área está totalmente recuperada, fruto do trabalho persistente dos voluntários(*) e da manutenção permanente, sem a qual o trabalho não teria sucesso.
Adotei todo o trecho inicial da subida do Costão do Pão de Açúcar(face leste) em maio de 2002, no trecho que vai dos pilotis de concreto até o mirante(incluindo o colo lateral esquerdo). Consegui reverter, nesse trecho, a ditadura do capim colonião pela diversidade das espécies de mata atlântica. Em maio de 2003 adotei nova área, no Grotão do PA (face leste, base da via Sgt. Tainha), e estou ajudando a natureza a se recuperar naquela região, que era totalmente tomada pelo capim colonião e periodicamente açoitada por incêndios. Hoje a paisagem é diferente. Onde antes tinha capim, temos um bosque, proporcionando sombra e abrigo para inúmeras espécies de pássaros e répteis. Nestes dois trechos, Cissa Biasoli participou dos trabalhos de julho de 2003 a julho de 2006.
O CERJ(Centro Excursionista Rio de Janeiro) adotou, em agosto de 2004, o Paredão Lagartinho, na face sul do PA, incluindo a base da Chaminé Galotti.. Hoje, a região já apresenta um perfil diferenciado, com espécies de mata atlântica em pleno desenvolvimento e o colonião controlado. Esse trecho do PA é de difícil recuperação, pois a camada de solo existente é muito rasa e o paredão de rocha ocupa grande parte, tornando o desafio maior, pois os trabalhos são feitos sempre sob forte calor. Já virou tradição no CERJ: todo primeiro domingo do mês coordeno o nosso mutirão de reflorestamento. Assim, a paisagem, naquela região, tem mudado lentamente pra melhor.
Um trecho da face Sul do PA, do final da Pista Cláudio Coutinho até os pilotis de concreto, está sendo recuperado pelo casal Sérgio e Inês Docena desde 2003. Trabalharam também alguns trechos marginais à Pista Cláudio Coutinho.
O CEG(Centro Excursionista Guanabara) adotou um trecho no colo entre o Pão de Açúcar e o Morro da Urca e tem ajudado na recuperação daquele trecho.
A recuperação da trilha do Morro da Urca, coordenada pelo Delson de Queiroz, diretor de Meio Ambiente da FEMERJ(Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro), foi um trabalho de primeira qualidade. Reordenou o caos que reinava ali e minimizou o grande impacto que o excessivo número de caminhantes provocava na trilha e adjacências.
O CEB(Centro Excursionista Brasileiro) desenvolve também plantio e manutenção na face norte do Morro da Urca desde 1998.
Mais recentemente, Mário Senna adotou uma área no Grotão do PA(face leste), na base do Paredão Minchetti e tem ajudado aquele trecho a se ver livre do capim e do risco de incêndios. A persistência do Mário tem feito a diferença e o panorama ali já está muito melhor.
O nosso trabalho voluntário, individual ou institucionalmente, em prol do meioambiente nos morros Pão de Açúcar e da Urca, livrou essas áreas do risco de incêndios provocados pelo capim, está recobrindo de mata esses trechos e diminuindo a erosão. Oferece também um acréscimo de ambiente para a fauna da região, além de uma paisagem mais exuberante.
Destaco também o impacto positivo dessa recuperação ambiental na mitigação dos danos causados pelo grande afluxo de montanhistas na região.
(*) O voluntário que atua nessa área prefere não ser citado.
Domingos Sávio Teixeira
Voluntário/Diretor de Ecologia do CERJ "
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